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Dose letal

[1]

Cerca de 200-500 ml, para concentrações entre os 3 a 12 %.

Carcinogenicidade

[2]

Segundo a International Agency for Research on Cancer (IARC) é classificado como grupo 3 – não classificável quanto à sua carcinogenicidade nos humanos

Vias de exposição

[3-8]

vias

A intoxicação com solução de hipoclorito de sódio pode ocorrer maioritariamente por quatro vias de exposição distintas, resultando em sintomas e sequelas variáveis: inalatória, oral, dérmica e ocular.

​

Geralmente, as soluções de hipoclorito de sódio de uso doméstico (concentração 3-6%)  não são responsáveis por toxicidade marcada ou sequelas permanentes. Na verdade, as soluções de hipoclorito de sódio com concentração até 10% são apenas irritantes, causando danos corrosivos somente quando as quantidades ingeridas são elevadas (100 mL nas crianças, 300 mL nos adultos). No entanto, as soluções mais concentradas (≥10%), como as de uso industrial ou que se destinam a serem diluídas, são corrosivas e acarretam danos mais graves.

imagens via
Via inalatória
Via oral
Via dérmica
Via ocular
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Via inalatória
inalatória

Exposição ao gás cloro libertado pela solução de hipoclorito de sódio ou após mistura com outros produtos.

Sintomas agudos da exposição a baixas concentrações (<10%)

Os sintomas podem ser retardados e manifestarem-se apenas após esforço físico.

O uso adequado adequado da solução de hipoclorito de sódio não provoca danos respiratórios; apenas a sua mistura com outros produtos!

Sintomas agudos da exposição a altas concentrações (>10%)

Irritação dos olhos, dor de cabeça, confusão, taquicardia (aumento da frequência respiratória) e obstrução da via aérea, que pode levar a paragem cardíaca e/ou respiratória e edema pulmonar.

A dor torácica e dificuldade em respirar podem persistir até 72 h e a tosse até 14 dias.

Via oral
oral

Ingestão de solução de hipoclorito de sódio.

Sintomas agudos da exposição a baixas concentrações (<10%)

Sintomas agudos da exposição a altas concentrações (>10%)

Lesão corrosiva severa da boca, garganta, esófago e estômago com hemorragia, acidose hiperclórica, estenose pilórica e complicações respiratórias.

                

A ingestão de solução concentrada de hipoclorito de sódio pode ter como sequela o estreitamento do esófago.

Via dérmica
dérmica

Exposição da pele ao gás cloro e à própria solução de hipoclorito de sódio.

Sintomas agudos da exposição a baixas concentrações (<10%)

Sintomas agudos da exposição a altas concentrações (>10%)

Dor, queimaduras corrosivas e descoloração da pele.

Via ocular
ocular

Exposição ao gás cloro e à própria solução de hipoclorito de sódio.

Sintomas agudos da exposição a baixas concentrações (<10%)

Sintomas agudos da exposição a altas concentrações (>10%)

Para além de dor e lacrimejo, a exposição a soluções concentradas pode provocar queimaduras corrosivas, edema palpebral, cataratas e glaucoma.

Exposição crónica

[4,9]

cronica

A exposição crónica da pele a baixas concentrações de hipoclorito de sódio pode culminar em irritação dérmica.

De acordo com alguns estudos, as pessoas que trabalham em limpezas domésticas apresentam um risco aumentado de asma e bronquite crónica. Embora não esteja comprovado, parece que os sintomas estão relacionados com o uso regular de lixívia e, possivelmente, outros produtos irritantes. Verificou-se ainda uma maior propensão para os problemas respiratórios em pessoas que tinham o hábito de misturar detergente de lavar a loiça com lixívia.

Mecanismo de toxicidade

[6, 10-13]

mecanismo de toxicidade

Reação de saponificação

As espécies que se formam na dissociação do hipoclorito de sódio em água estão envolvidas em três reações que explicam não só o mecanismo de ação, como também o mecanismo de toxicidade deste composto.

 

saponificaçao

Em contacto com gorduras, o hidróxido de sódio (NaOH) degrada ácidos gordos, transformando-os em glicerol e sabões (sais de ácidos gordos), que reduzem a tensão superficial da interface solução-gordura remanescente. Assim, o hipoclorito de sódio é responsável pela dissolução de tecido orgânico.

Reação de neutralização

neutralizaçao

O NaOH permite também a neutralização de aminoácidos, com formação de sal e água. A valores de pH elevados, a repulsão eletrostática intramolecular e a tumefação das proteínas pode ser promovida. Deste modo, as proteínas tornam-se mais solúveis e dispersáveis na solução de NaOH.

cloraminaçao

Reação de cloraminação

Em contacto com tecido orgânico, o ácido hipocloroso e o ião hipoclorito libertam cloro, que se combina com o grupo amino (-NH) dos aminoácidos, formando cloraminas. Assim, ocorre degradação dos aminoácidos

Como consequência destas reações, o hipoclorito de sódio tende a causar irritação em contacto com os tecidos. A sua toxicidade varia consoante a concentração da solução, o volume envolvido na exposição e a duração do contacto. Embora se trate de uma solução alcalina, não é corrosivo, a não ser em grandes quantidades ou em soluções muito concentradas, como as que são usadas a nível industrial (>10%).

Toxicocinética

[14]

toxicocinetica

O hipoclorito de sódio é amplamente distribuído no organismo, nomeadamente no plasma, seguido da medula óssea, rim, testículos, pulmões, pele, duodeno, baço, estomago, fígado, esqueleto e íleo.

​

Eliminado maioritariamente pela urina e depois fezes.

Reatividade

[5, 15, 16]

reatividade

Forte oxidante:

Reage com combustíveis e materiais redutores;

​Corrosivo para metais como o zinco:

Decompõe-se pelo aquecimento, formando clorato de sódio:

Em contacto com ácidos, gera vapores de cloro ou ácido hipocloroso:

(ácido hipocloroso decompõe-se a ácido clorídrico)

Reage com compostos nitrogenados, libertando cloraminas, dicloraminas, tricloreto de nitrogénio ou hidrazina:

Quando misturado com álcoois ou cetonas, gera clorofórmio:

Grupos de risco

[9, 17]

grupos

As crianças, especialmente entre os 1 e 4 anos de idade, constituem o grupo mais vulnerável a intoxicação por detergentes e produtos de limpeza, pela sua grande curiosidade e falta de perceção do perigo. Durante o ano passado, 18.5% das casos reportados ao CIAV envolviam produtos de limpeza ou detergentes domésticos. No mesmo ano, foram recebidas 262 chamadas devido a acidentes com lixívia, envolvendo crianças até aos 15 anos, inclusive.

​

Empregados de limpezas domésticas constituem outro grupo de risco, sendo estes mais afetados pelas consequências de uma exposição crónica ao hipoclorito de sódio. Pensa-se que sintomas de asma desenvolvidos por profissionais desta área possam ser devidos à exposição continuada à lixívia e a outros agentes irritantes.

Primeiros socorros

[5]

socorros

Inalação: Assegurar uma ventilação adequada. Administrar oxigénio, se necessário.

1ºs inalatoria

Ingestão: Beber um pequeno copo de leite. Pacientes que apresentem sinais de dano corrosivo (hipersalivação, dificuldade em engolir, dor retroesternal, hematemese) devem direcionar-se ao hospital. Assegurar uma ventilação adequada. Monitorizar a pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória.

1ºs oral

Contacto com a pele: Dano em pele intacta não é provável. Remover todas as roupas contaminadas. Lavar a pele com água tépida. Aplicar um creme calmante se a pele se apresentar irritada.

1ºs pele

Contacto com os olhosRemover lentes de contacto. Irrigar imediatamente o olho afetado com solução salina a 0,9%.  Pacientes com dano na córnea devem dirigir-se urgentemente a um oftalmologista.

1ºs olhos
tratamento

Tratamento clínico

[4-6]

Normalmente, não são realizados testes específicos para avaliar a presença de hipoclorito de sódio no sangue ou na urina, realizando-se apenas em situações de intoxicação severa em que se torna indispensável detetar danos pulmonares ou gastrointestinais.

Inalação:

Quando não há manifestação imediata de sintomas de intoxicação, pode não ser necessário tratamento. No entanto, é conveniente proceder a exames físicos para avaliar a existência de efeitos respiratórios. Se os sintomas forem ligeiros, deve proceder-se a exames de avaliação e monitorizar o paciente durante 24 a 36 horas. Em casos mais graves, pode ser fundamental o suporte de oxigénio e broncodilatadores.

​

Ingestão:

Quando as quantidades ingeridas são pequenas (<100 mL nas crianças e <300 mL nos adultos), a ingestão de líquidos, especialmente leite, é, na maioria dos casos, o único tratamento necessário. Todos os indivíduos que apresentem sinais de lesão corrosiva, como dificuldade em engolir, dor retrosternal, sangramento pela boca, ou irritação pulmonar deve ser avaliada em ambiente hospitalar. NÃO é recomendado provocar o vómito, devido à reexposição do esófago ao hipoclorito de sódio! Não devem ser administrados químicos neutralizantes, tendo em conta que o calor produzido durante as reações de neutralização pode causar queimaduras e aumentar o dano. Quando é ingerida em grande quantidade ou a solução é muito concentrada, deve ser considerada a aspiração nasogástrica.

​

Contacto com a pele:

É improvável a ocorrência de lesão em pele intacta se a solução envolvida for de baixa concentração. Queimaduras químicas moderadas a severas devem ser observadas por um especialista. Nestes casos, é importante retirar todas as roupas contaminadas, limpar as zonas de pele lesada, evitando a contaminação das zonas não expostas. A pele deve ser lavada com água abundante a baixa pressão durante 10 a 15 minutos ou até à normalização do pH cutâneo (4,5 a 6 ou até 7 nas crianças). Queimaduras com soluções de hipoclorito muito concentradas, podem exigir irrigação durante várias horas! Não devem ser aplicados químicos neutralizantes, tendo em conta que o calor produzido durante as reações de neutralização pode causar queimaduras e aumentar o dano. Quando o pH se apresentar estável, deve proceder-se do mesmo modo que numa lesão térmica. Queimaduras que perfaçam mais de 15% da superfície corporal em adultos e 10% nas crianças exigem administração de fluídos.

​

Contacto com os olhos:

Consultar urgentemente um oftalmologista sempre que os sintomas persistem ou se houver lesão na córnea. Nestes casos, deve proceder-se imediatamente à irrigação do mesmo com uma solução salina a 0,9% durante 10 a 15 minutos (pode ser usada uma lente  de Morgan); ao fim deste tempo o pH da conjuntiva deve estar entre 7,5 e 8,0, caso contrário, a irrigação deve ser continuada e o pH testado ao fim de 20 minutos. Podem ser aplicados anestésicos tópicos locais no olho, como oxibuprocaína ou tetracaína, mas tendo em atenção que o uso prolongado pode danificar a córnea.

Referências bibliográficas:

[1] Frequently Asked Questions (FAQs) about Sodium Hypochlorite Solution(SH) em: https://www.cdc.gov/safewater/chlorination-faq.html (último acesso a 15/05/2017);

[2] Chlorine em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44584/1/9789241548151_eng.pdf (último acesso a 15/05/2017);

[3] Racioppi, F., Daskaleros, P. A., Besbelli, N., Borges, A., Deraemaeker, C., Magalini, S. I., ... & Vlachos, P. (1994). Household bleaches based on sodium hypochlorite: review of acute toxicology and poison control center experience. Food and chemical toxicology, 32(9), 845-861;

[4] Sodium hypochlorite em https://www.atsdr.cdc.gov/toxfaqs/tfacts184.pdf (último acesso a 12/04/2017);

[5] Sodium hypochlorite incident management, em: https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/528909/Sodium_hypochlorite_IM_PHE_090616.pdf (último acesso a 17/05/2017);

[6] Sodium hypochlorite em http://www.inchem.org/documents/pims/chemical/pim495.htm#SectionTitle:1.1%20%20Substance (último acesso a 12/04/2017);

[7] Sodium hypochlorite em http://www.inchem.org/documents/pims/chemical/pim947.htm#SectionTitle:5.2%20%20Inhalation (último acesso a 12/04/2017);

[8] Sodium hypochlorite em https://www.cdc.gov/niosh/ipcsneng/neng1119.html (último acesso a 12/04/2017);

[9] Medina-Ramon, M., Zock, J. P., Kogevinas, M., Sunyer, J., Torralba, Y., Borrell, A., ... & Anto, J. M. (2005). Asthma, chronic bronchitis, and exposure to irritant agents in occupational domestic cleaning: a nested case-control study. Occupational and environmental medicine, 62(9), 598-606.;

[10] Peck, B., Workeneh, B., Kadikoy, H., Patel, S. J., & Abdellatif, A. (2011). Spectrum of sodium hypochlorite toxicity in man—also a concern for nephrologists. NDT plus, 4(4), 231-235;

[11] Estrela, C., Estrela, C. R., Barbin, E. L., Spanó, J. C. E., Marchesan, M. A., & Pécora, J. D. (2002). Mechanism of action of sodium hypochlorite. Brazilian dental journal, 13(2), 113-117;

[12] Fukuzaki, S. (2006). Mechanisms of actions of sodium hypochlorite in cleaning and disinfection processes. Biocontrol science, 11(4), 147-157;

[13] Mohammadi, Z. (2008). Sodium hypochlorite in endodontics: an update review. International dental journal, 58(6), 329-341;

[14] Basic toxicokinetics em: https://echa.europa.eu/pt/registration-dossier/-/registered-dossier/15516/7/2/2 (último acesso a 15/05/2017);

[15] Avaliação da degradação de cloro ativo em hipoclorito de sódio, em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35512/1/Teresa%20Catarina%20Faria%20Pinto.pdf (último acesso a 15/05/2017);

[16] Gholam A. Mirafzal. Albena M. Lozeva. (1998). Phase transfer catalyzed oxidation of alcohols with sodium hypochlorite. Tetrahedron Letters, 39(40), 7263-7266.;;

[17] Prevenção de acidentes na utilização de detergentes e outros produtos de conservação e limpeza, em: http://www.inem.pt/files/2/documentos/20170421151144726007.pdf (último acesso a 15/05/2017);

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